Pensando em Pessoa e Jung


Esperar é um verbo complicado.
Nem sempre é fácil ser sincero, as pessoas não gostam de sinceridade. Mas, a retórica tem tom ríspido. Desconheço retórica que não tenha.
Talvez seja esta a razão de Fernando Pessoa* ter creado outras personalidades, como personagens autoras de seus textos mais contraditórios, ou fora do contexto atual de pensamento da época em que viveu.
Mas, não entro nessa, prefiro ser eu. Ante qualquer circunstancia. Nada contra Pessoa, que afinal de contas foi sincero, creio que C.G. Jung* lia “O Fingidor da verdade”.
“Ah! ... Dúvidas... dúvidas... São tão cheios de dúvidas”. Caçoa um demônio interior. Quer que eu decida logo, que faça já. Que não pense muito. Quer que eu pense no fim quando o fim chegar.
Se disser “não, não espero”... Bem, nem sempre é fácil ser sincero. As pessoas se irritam com isso.
Continuo pensando. Em Pessoa e Jung. Nos amores e nas máscaras. Em quem não pensa. Nos magoados, nos emburrados, nos maquinadores, nos perversos, nos que se vingam que “não deixam barato”, e pagam na mesma moeda.
A questão é que, quase geral, os que se sentem desfavorecidos pela natureza e pelas circunstâncias, estão sempre se queixando. Parece haver neles um descontentamento tão grande que tudo, ou qualquer coisa, os atinge profundamente. É sempre pessoal e imperdoável, e se faz necessário retribuir agora. Sempre o mal é muito urgente. Já não importa a intenção, tudo é ofensivo.

Tenho a impressão de que se alguém gritar: "TODO MUNDO VAI MORRER!". vai haver pânico geral.

*Fernando António Nogueira Pessoa: 1888-1935, Lisboa, poeta e escritor.
*Carl Gustav Jung: (Kesswil, 26 de julho de 1875 — Küsnacht, 6 de junho de 1961. Psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica).

Comentários

  1. O instinto em nós, que nos manda fugir, e quando não se tem para onde ir, ataque quem vir... Por que tanto medo? O que aciona esse gatilho? O sincero?

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