A baleia encalhada


Fiquei surpreso com o barulho em torno da baleia encalhada.

A baleia não morria, e o povo foi ficando inquieto. Jogar de volta no mar não dava. Tentar arrastar era inútil. A baleia parecia fazer força para ficar na areia.

Claro. O Ser Humano parece pensar que a baleia, um ser que vive centenas de ano no mar, assim de bobeira, encalhou na praia. E tenho que comentar que isso acontece sempre. Todos os anos muitas baleias quase são salvas.

Apesar de todos os esforços, a baleia acaba morrendo na praia.

Por mais dezenas de anos que uma baleia viva, sua vida finda. Como acontece com todo organismo (carbono) envelhece e fica fraco.

No mar, assim como na selva, a lei é sobreviver. Moveu-se, virou presa.

Os gigantescos mamíferos, poderosos, enquanto viris, enfraquecem, e predadores velozes percebem a fraqueza instintivamente, e, como podem, vão tirando lascas da baleia, que sem poder nadar e se contorcer como outrora, não consegue escapar da ação cada vez maior de predadores menores. Nessa fuga, o mamífero toma qualquer direção.

A partir daí a baleia não deve ir muito longe, sem barbatanas e vísceras espalhadas pela água, e sangue atraindo tubarões e barracudas, seu fim é o ser consumida, destroçada, e disputada por milhares de peixes famintos.

Caso, perto de um banco de areia, a baleia em fuga, para qualquer lado dos predadores, pode encalhar.

Neste caso, caranguejos, gaivotas, aves de variada espécies e organismos da areia, passam a desmontar o enorme contingente de alimento.

Não há outra escolha à velha baleia, que consumia plânctons e liquens, a não ser servir de alimento aos outros seres vivos, que é afinal o que acontece com todo ser vivo.

Podemos observar que todo ataque tem uma defesa e que toda defesa tem uma falha.

A solução para baleias encalhadas em lugares povoados (as outras não incomodam), seria dividida em duas.

Uma é cercar o cetáceo e deixá-lo alimentar o solo em que está, acreditando que, por força da natureza, o cetáceo encalhou onde era necessário. E isto, sim é ser Ecológico.

A segunda solução é armazenar o cetáceo em aquários sem predadores para viver seus últimos dias de vida, mas seria um custo dispendioso, para que apenas assistíssemos a baleia agonizar por falta de oxigênio.

Tenho a impressão que se deixarmos a natureza pulsar seu curso, os problemas se resolvem.

Mas, no fundo analítico da questão da baleia encalhada, está, sermos obrigados a assistir um ser agonizando, um ser morrendo.

Assistir a morte é um horror para o ser humano.

De qualquer forma, a baleia não iria conseguir mesmo morrer em paz.

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